O Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), chamando a atenção para a prevenção, o diagnóstico precoce, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas.
Em todo o país, os estados se organizam para celebrar a data com ampliação da testagem de ISTs, maior acesso a autotestes de HIV e distribuição de insumos de prevenção, como preservativos masculinos e femininos.
AIDS
A Aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (da sigla em inglês HIV). Esse vírus ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. O indivíduo portador do vírus se torna, então, impossibilitado de se proteger contra infecções.
As células mais atingidas pelo HIV são os linfócitos T CD4+. O vírus altera o DNA dessa célula e faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. É importante destacar que ter HIV não é o mesmo que ter Aids, pois há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença.
Segundo o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil (2020). Dessas, 89% foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral (medicamentos) e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV por via sexual, por terem atingido carga viral indetectável (intransmissível).
Os pacientes soropositivos, que têm ou não Aids, podem transmitir o vírus a outras pessoas:
- pelas relações sexuais desprotegidas (sem preservativo);
- pelo compartilhamento de seringas contaminadas (usuários de drogas);
- de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação.
Alguns dos sintomas iniciais da infecção pelo HIV podem ser facilmente confundidos com outras doenças. Eles compreendem: dores de garganta, dores de cabeça, febre constante, dores musculares, calafrios e mal-estar. Eles podem aparecer duas semanas após a contaminação ou mesmo nunca se manifestarem.
A exposição ao vírus pode ser identificada por meio de exame de sangue (sorologia para o HIV). Caso seja positivo, outro teste é realizado para confirmação e deve ser feito 30 dias após o contato de risco (Western Blot).
O uso de preservativos (camisinhas) é o método mais conhecido, acessível e eficaz para a prevenção, não só do HIV, mas, também, de outras ISTs, como sífilis, gonorreia e hepatites. Mas, em uma sociedade tão diversa, não podemos falar de cuidado sem mencionar a prevenção combinada, que consiste no uso simultâneo de diferentes métodos de prevenção aplicados em diversos níveis, para responder às necessidades específicas de determinados segmentos populacionais e de determinadas formas de transmissão do HIV. São eles:
- prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs;
- imunização contra as hepatites A e B;
- imunização para HPV (Papiloma vírus);
- redução de danos;
- profilaxia pós-exposição ao HIV(PEP) – uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas após terem tido um possível contato com o vírus HIV;
- profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) – uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus do HIV, reduzindo a probabilidade da pessoa se infectar com o vírus. Deve ser associada ao uso de preservativos durante as relações sexuais de modo a prevenir o não apenas o HIV, mas outras infecções sexuais;
- tratamento com antirretrovirais das pessoas que vivem com HIV;
- prevenção da transmissão de HIV, sífilis e hepatite B das gestantes para seus bebês (vertical);
- testagem regular para o HIV, sífilis e hepatites B e C.
O tratamento do HIV com os medicamentos antirretrovirais, quando feito de forma contínua e regular, faz com que o indivíduo atinja carga viral indetectável, impedindo, assim, uma queda de imunidade e o aparecimento da Aids.
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS:
As Infecções Sexualmente Transmissíveis são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual, oral, vaginal e/ou anal, sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada.
NOTA: O termo Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotado em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021, apontou que cerca de 1 milhão de pessoas afirmaram ter tido diagnóstico médico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ao longo de 12 meses, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos ou mais.
As principais IST são: o herpes genital, o cancro mole (cancroide), o HPV, a doença inflamatória pélvica (DIP), a infecção por Clamídia, a gonorreia, o linfo granuloma venéreo (LGV), a sífilis, a infecção pelo HTLV e a tricomoníase.
As IST podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos e verrugas ano genitais, dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e/ou aumento de ínguas. Desse modo, é importante observar o corpo durante a higiene pessoal, de modo a identificar uma IST em estágio inicial.
Ao perceber algum sinal ou sintoma, procure imediatamente um serviço de saúde, independentemente de quando aconteceu a última relação sexual. Quando indicado, avise o(a) parceiro(a) sexual.
O uso da camisinha, masculina ou feminina, em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das IST, do HIV/Aids e das hepatites virais B e C. O tratamento das pessoas com IST, além de melhorar sua qualidade de vida, interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. No entanto, se não tratadas adequadamente, podem provocar diversas complicações e levar, inclusive, à morte.