A campanha Março Amarelo tem como objetivo levar conhecimento sobre a importância do acompanhamento médico para realização de exames periódicos que possam diagnosticar a endometriose, doença que afeta a fertilidade das mulheres, ainda em sua forma leve.
De acordo com A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a doença afeta 10% da população feminina no Brasil, sendo mais comum em mulheres em idade reprodutiva, ou seja, entre 26 e 35 anos.
A endometriose é uma doença ginecológica, inflamatória, crônica, benigna, estrogênio-dependente que faz com que um tecido semelhante ao revestimento do útero cresça em órgãos da cavidade pélvica, como ovários e trompas de falópio e fora dela, como o intestino.
Esse tecido reage da mesma forma que o do útero durante o ciclo menstrual, acumulando-se e depois desintegrando-se e sangrando. No entanto, esse sangue não consegue escapar e se acumula nas áreas afetadas. A doença pode causar desde infertilidade até contribuir para o desenvolvimento do câncer de ovário.
Não há causa conhecida de endometriose. Alguns fatores podem predispor ao surgimento da doença como idade, menarca (primeira menstruação) precoce, menopausa tardia, histórico familiar, sedentarismo e dietas ricas em gorduras.
A dor intensa e incapacitante, que dificulta a realização das atividades diárias, é um dos sintomas mais comuns da endometriose. Ela compromete a qualidade de vida da mulher e é um dos primeiros sinais de que algo não vai bem. Entretanto, é importante salientar que até 20% das mulheres podem ser assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas da doença. Além da dor, pode ocorrer:
- dificuldade para engravidar;
- sangramento fora do período menstrual;
- cólicas intensas;
- dores no período menstrual;
- desconforto durante a relação sexual;
- dores ao urinar e evacuar;
- dores nas coxas e na região lombar;
- aumento da urgência para urinar;
- constipação intestinal.
Diante da suspeita, o exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por exames laboratoriais e de imagem. Em casos específicos, realiza-se uma laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo, que avalia os órgãos abdominais. O resultado da avaliação laparoscópica já é aceito como diagnóstico definitivo, mesmo sem biópsia.
De acordo com estudos, quando se faz o diagnóstico da endometriose, estima-se que a doença já esteja se manifestando há anos (de 3 a 12 anos), o que pode agravar sobremaneira o quadro. Esse atraso é decorrente da normalização da dor, que muitas vezes é confundida com constipação intestinal, alterações musculares e processos infecciosos.
Desse modo, é fundamental o diagnóstico precoce da doença para que o tratamento seja iniciado imediatamente de modo a evitar complicações como obstrução intestinal, danos a órgãos devido à expansão das lesões no abdômen e pelve, entre outras.
Não há cura para a endometriose. Inicialmente indica-se o tratamento clínico com anticoncepcionais orais, injeções intramusculares, implantes hormonais ou mesmo o implante de DIU, para alívio dos sintomas.
Outras opções incluem a fisioterapia, a acupuntura e o uso de analgésicos. Para casos em que o tratamento clínico não apresenta resultados, o médico poderá reavaliar a conduta, recomendando cirurgia para retirada apenas dos focos de endometriose ou de todo o útero, quando a mulher não tem a intenção de engravidar.
A endometriose é a maior causa de infertilidade e acarreta um enorme custo pessoal e social para as mulheres. Desse modo, não deixe para visitar seu ginecologista somente quando tiver alguma alteração (períodos dolorosos e dor pélvica). É fundamental fazer acompanhamento periódico e realizar exames de rotina. Mantenha sua saúde sempre em primeiro lugar!