Na sexta-feira (3/6), é celebrado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil. Esse dia foi criado para alertar as pessoas sobre os riscos da doença e reforçar a necessidade de incentivar crianças a adotarem uma alimentação saudável aliada à prática de atividades físicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2025, o número de crianças obesas no mundo pode chegar a 75 milhões.
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de peso e costuma ser causada pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Estudos demonstram que a saúde e boa condição nutricional materna na gestação, a prática do aleitamento materno (exclusivo por seis meses e com outros alimentos por dois anos ou mais), o consumo variado de alimentos in natura e, minimamente, processados, a não exposição exagerada a telas, com estímulo a brincadeiras, atividades ao ar livre e em companhia dos familiares são comprovadamente fatores que protegem a criança do excesso de peso.
As crianças com obesidade têm grandes chances de se tornar adultos obesos e desenvolver diversas doenças crônicas como hipertensão, diabetes, infarto, distúrbios psicológicos, entre outras. O consumo de alimentos processados e ultraprocessados, de bebidas açucaradas, o tamanho exagerado das porções, a propaganda abusiva de alimentos e o sedentarismo estão relacionados ao ambiente obesogênico (que incentiva o aumento de peso e a obesidade) a que crianças e adolescentes, atualmente, estão expostos.
O açúcar não deve ser oferecido para crianças menores de dois anos e não deve fazer parte da rotina alimentar nos anos posteriores. Além de não ser necessário e causar danos à saúde da criança, a exposição excessiva de doce desde cedo pode causar dificuldade na aceitação de alimentos saudáveis, importantes para seu crescimento e desenvolvimento.
O consumo de alimentos em frente às telas (TV, celular, tablet) causa distração, fazendo com que a criança coma de forma automática e, muitas vezes, em excesso, prejudicando o controle de fome e saciedade e promovendo o ganho excessivo de peso.
O não reconhecimento pelos familiares da presença de excesso de peso nos filhos é a principal barreira para o diagnóstico precoce e o planejamento terapêutico. O tratamento da obesidade leva tempo, deve ser individualizado, envolver equipe multidisciplinar, respeitar o amadurecimento físico e psicológico da criança, estar associado à melhora de sua autoestima e envolver a conscientização de todos da casa quanto à necessidade de mudança do estilo de vida e nos hábitos alimentares da família.
NOTA1: As dietas restritivas prejudicam o crescimento e o desenvolvimento da criança. Além de aumentar a fome, elas reduzem o metabolismo e podem fazer com que a criança perca a noção de fome e saciedade, aumentando a obsessão por comer e o comer emocional, além de proporcionar sentimentos negativos em relação à comida, como culpa e ansiedade, o que pode gerar transtornos alimentares.
NOTA2: A prática de atividades físicas é fundamental para todas as etapas do desenvolvimento infantil e auxilia no equilíbrio do balanço energético e, consequentemente, na prevenção e tratamento da obesidade e de doenças relacionadas à obesidade nessa fase da vida.
As crianças devem fazer exercícios com o corpo e não só com a mente e os dedinhos (muitas horas gastas na frente de tablets e computadores). Além de evitar doenças crônicas, as atividades físicas auxiliam na melhora do rendimento escolar.
O objetivo do tratamento não deve ser apenas a redução do peso. As mudanças de comportamento, a redução de morbidades e o fortalecimento dos vínculos com a equipe de saúde e entre a família devem ser valorizados durante todas as fases. A escola também deve estar envolvida nesse processo. Foi-se o tempo em que criança gordinha era sinônimo de saúde!