O dia 28 de maio é de extrema importância para as mulheres. A data marca duas lutas para a saúde feminina: o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Ambas têm como objetivo chamar a atenção da sociedade e conscientizá-la sobre os diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres, que já são maioria no Brasil. Elas representam 51 ,8 % da população brasileira (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – 2019).
Muitas vezes, em função de jornada dupla de trabalho e atenção centrada na saúde da família, as mulheres negligenciam a própria saúde, deixando de lado, por exemplo, exames periódicos preventivos nas diferentes fases da vida (papanicolau, rastreamento do câncer de mama, densitometria óssea). Evidências demonstram que os sistemas de saúde que estruturam seus modelos com base no cuidado coordenado em saúde e na atenção primária têm melhores resultados, com menor custo e melhorias na saúde da população.
As doenças crônicas não transmissíveis (distúrbios cardiovasculares e respiratórios, diabetes, neoplasias de mama e ginecológica, obesidade, depressão) são as que mais causam mortes entre as mulheres.
Outras doenças não-neoplásicas, relacionadas ao aparelho digestivo e uroginecológico (endometriose, infecção urinária), apesar de não estarem relacionadas à mortalidade, têm sido causa de adoecimento e piora da qualidade de vida das mulheres.
Nesta pandemia, não se pode deixar de citar que haverá aumento considerável de óbitos por doenças respiratórias devido à Covid-19. Tampouco é possível deixar de destacar as mortes por causa externa, como a violência contra a mulher, que aumentou sobremaneira nesse período, além da ascensão de transtornos mentais como a depressão.
A morte materna é o óbito de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o parto, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Não é considerada morte materna a que é provocada por fatores acidentais ou incidentais. Em 2018, foram registrados 63.693 óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos no Brasil (DATASUS, BRASIL).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), hipertensão (pré-eclâmpsia e eclampsia), hemorragias graves, infecções, complicações no parto e abortos inseguros estão entre as principais causas no Brasil e no mundo, ocorrendo principalmente pela má qualidade da assistência no pré-natal e no parto. Vale destacar que a maioria dessas doenças se desenvolve durante a gravidez e, em média, 40% a 50% podem ser consideradas evitáveis.
O Brasil reduziu sua taxa de mortes maternas em 43% desde a década de 90, tomando por base os dados de 2017 do Ministério da Saúde (MS). Apesar disso, a redução da mortalidade materna permanece um grande desafio da saúde, da ética e da equidade social, de gênero e raça.
O objetivo é melhorar a qualidade da atenção durante o pré-natal, reduzindo assim o risco de complicações para a mãe e o bebê. O parto normal deve ser igualmente incentivado, em detrimento da realização de cesáreas sem indicação clínica. Além disso, mulheres que apresentam ou já apresentaram risco reprodutivo devem ser bem orientadas e ter disponíveis métodos contraceptivos que garantam sua autonomia e segurança.
No Brasil, quase todos os partos são realizados em serviços de saúde. É imprescindível que estes tenham uma estrutura adequada, equipes treinadas e que utilizem protocolos atualizados e embasados nas melhores evidências científicas disponíveis. Oferecer atenção adequada no momento oportuno é a chave do sucesso!
