Maio foi instituído como o mês de conscientização das Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs); e a cor roxa simboliza a luta e a solidariedade em relação a essas condições de saúde. O objetivo da campanha é sensibilizar a sociedade para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto para melhoria da qualidade de vida dos pacientes – já que, na maioria dos casos, não há cura – bem como reduzir o preconceito em torno dos pacientes diagnosticados com a condição.
As DIIs são um conjunto de sinais e sintomas que se manifesta no trato gastrointestinal. São doenças crônicas e recorrentes que provocam inflamação. Se manifestam, por alguma razão desconhecida, quando as células de defesa do organismo iniciam uma agressão descontrolada ao intestino.
As mais comuns são a Retocolite Ulcerativa – RU (51%), que aparece de forma localizada no intestino grosso, a Doença de Crohn – DC (48%), que pode ocorrer em qualquer ponto do trato digestivo, da boca até o ânus, e a Colite indeterminada (0,9%), que também ocorre no intestino grosso (Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite – GEDIIB, 2023).
Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode ter DIIs, mas elas costumam aparecer com maior frequência na faixa etária dos 15 aos 40 anos. Atingem mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e, no Brasil, a prevalência varia de 12 até 55 a cada 1000 habitantes. Observa-se uma maior concentração, principalmente, nas regiões sudeste e sul, relacionando-se com índice de desenvolvimento humano e urbanização (Sociedade Brasileira de Coloproctologia – SBCP, 2023).
Apesar de as causas serem desconhecidas, sabe-se que é multifatorial e acredita-se que elas estejam relacionadas a fatores genéticos, imunológicos, ambientais, alimentação, alteração da flora intestinal, entre outros. Estima-se que cerca de 20% dos portadores de DIIs tenham alguém na família com essa condição, ou seja, ela pode ser transmitida de pais para filhos. O tabagismo é outro fator de risco de grande importância (GEDIIB, 2020).
Dor e cólica abdominal, constipação, diarreia crônica com ou sem presença de sangue, muco ou pus, flatulência, urgência para evacuar, lesões na região do ânus de difícil cicatrização, falta de apetite, fadiga e emagrecimento costumam ser os sintomas mais frequentes. Os casos mais graves podem ser acompanhados de anemia, febre, desnutrição e distensão abdominal. Além desses sintomas e sinais característicos, algumas pessoas podem apresentar manifestações extraintestinais (MEIs) que ocorrem nos olhos, articulações, pele, ossos, rins e fígado.
O diagnóstico preciso é essencial para a indicação do tratamento apropriado. Deve ser feito por um médico gastroenterologista e inclui análise da história clínica, exames laboratoriais (sangue e fezes), endoscópicos (endoscopia e colonoscopia) com biópsia e radiológicos (tomografia ou ressonância magnética).
O tratamento é diverso e personalizado, mas, basicamente, é realizado por meio de medicamentos que induzem a remissão e manutenção para controle da doença, além de controle da dieta, que possui papel importante, principalmente, nos períodos de fase aguda da doença, quando há sintomas como a diarreia. Portadores de DII em tratamento são considerados como imunossuprimidos, ou seja, possuem o sistema imune fragilizado e têm maior risco de desenvolver infecções.
A prevenção se dá por meio de cuidados com a saúde intestinal, tais como, ter uma alimentação saudável, beber muita água, mastigar bem durante as refeições, evitar o uso de laxantes, reduzir a ingestão de alimentos processados, investir no uso de probióticos, praticar atividades físicas, diminuir o consumo de álcool e cigarro, evitar o estresse e manter os exames preventivos em dia.
Que tal começar a cuidar da sua saúde intestinal?