No Brasil, instituiu-se o Julho Amarelo celebrado a cada ano em todo o território nacional, quando são efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulou, entre suas estratégias, a eliminação das hepatites B e C até 2030. Para isso, vários países se unem em campanhas para aumentar a conscientização da população e influenciar mudanças reais.
Hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus, pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. São doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas. Quando presentes, independentemente da tipagem, os pacientes podem apresentar cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Segundo a OMS, as hepatites virais B e C afetam 325 milhões de pessoas no mundo, causando 1,4 milhão mortes por ano. É a segunda maior causa de morte entre as doenças infecciosas depois da tuberculose. Existem, ainda, os vírus D (delta) e E, que são mais frequentes na África e na Ásia.
Em cada país, o tipo de vírus predominante varia de acordo com as condições climáticas, de saneamento básico, entre outras. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Milhões de brasileiros são portadores dos vírus B ou C e não sabem. Eles correm o risco de a doença evoluir, ou seja, de tornar-se crônica e causar danos mais graves ao fígado, como insuficiência hepática, cirrose, câncer hepático e, ainda, ser fatal.
A hepatite é evitável, tratável e, no caso da hepatite C, curável.
Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam a hepatite. No caso das hepatites B e C, é preciso um intervalo de 60 dias após a contaminação para que os anticorpos sejam detectados no exame de sangue. Caso o diagnóstico se confirme, o tratamento deve ser iniciado imediatamente.
Você está em risco? Se você já se expôs a alguma das situações abaixo, precisa ser testado. São elas:
– contágio fecal-oral: principalmente para aqueles que vivem em condições precárias de saneamento básico, sem acesso a água tratada para preparo dos alimentos e higiene pessoal e esgoto (vírus A e E);
– transmissão sanguínea:
- ao receber transfusão de sangue e/ou derivados, sobretudo para aqueles que utilizaram esses produtos antes do ano de 1993, época em que foram instituídos os testes de triagem obrigatórios para o vírus C nos bancos de sangue em nosso meio;
- ao compartilhar seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam, como piercings, tatuagens, acupuntura, instrumentos cirúrgicos, odontológicos. A contaminação pode ocorrer quando o material utilizado não for devidamente limpo e esterilizado (vírus B,C e D);
- da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação (vírus B,C e D).
– Prática de sexo desprotegido: sem o uso de preservativo. Esse não é um mecanismo freqüente de transmissão, a não ser em condições especiais.
– Hemodiálise: alguns fatores aumentam o risco de aquisição de hepatite C para os pacientes com insuficiência renal, tais como desinfecção inadequada de todos os instrumentos e superfícies ambientais.
– Acidente ocupacional: o vírus da hepatite C (HCV) pode ser transmitido aos profissionais analistas de laboratório que trabalham manipulando sangue e derivados.
– Transplante de órgãos e tecidos: o vírus HCV pode ser transmitido de uma pessoa portadora para outra receptora do órgão contaminado.
Em cerca de 10 a 30% dos casos de contaminação pelo vírus da Hepatite não se consegue definir qual o mecanismo de transmissão envolvido.
A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite. Isto quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. Por outro lado, as hepatites causadas pelos vírus B, C e D podem apresentar tanto formas agudas, quanto crônicas de infecção, quando a doença persiste no organismo por mais de seis meses.
As hepatites A e B podem ser prevenidas por vacinação (a vacina contra hepatite B fornece proteção por toda a vida). Existe cura para hepatite C (o tratamento de 3 meses pode curar a infecção) e tratamento para hepatite B. Até o momento, não há vacina para a hepatite C. Todo paciente com diagnóstico de hepatite viral crônica precisará de acompanhamento e tratamento e poderá se manter saudável por toda a vida com a terapia.
As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, sua ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país e ajudar a traçar diretrizes de políticas públicas no setor.
A hepatite é uma das maiores ameaças globais à saúde do nosso tempo. Compartilhe materiais de conscientização e envolva-se nessa campanha!