O mês de outubro já é conhecido mundialmente como um mês marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama (o tipo de câncer que mais aflige as mulheres em todo o mundo), e mais recentemente, o câncer do colo do útero. A campanha busca não apenas informar a população sobre as doenças, mas também, tornar o acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento acessíveis a toda a população, de modo a reduzir a mortalidade.
CÂNCER DE MAMA
O câncer de mama é um tumor maligno causado pela multiplicação desordenada de células anormais da mama. Acomete 66 mil mulheres a cada ano no Brasil, principalmente, aquelas entre 40 e 69 anos e é uma das principais causas de morte nesse grupo. A doença pode apresentar-se de diferentes formas. Em alguns casos os tumores crescem mais lentamente, enquanto outros apresentam desenvolvimento rápido. Daí a importância do diagnóstico precoce, que aumenta sobremaneira as chances de cura.
Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, tais como: idade, fatores genéticos (mulheres que já tiveram câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade), hereditários (mãe, irmã ou tia acometidas pela doença antes dos 50 anos de idade), ganho de peso ou obesidade após a menopausa, alimentação rica em gorduras e carboidratos, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e exposição frequente a Raios-x. Além disso, a longa exposição aos hormônios femininos causada pela menstruação precoce, pela menopausa tardia ou pelo uso prolongado de contraceptivos orais também podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
O sintoma do câncer de mama mais fácil de ser percebido pela mulher é um caroço ou nódulo no seio, que pode ou não vir acompanhado de dor. Outros sinais de alerta incluem pele da com aspecto de casca de laranja, inchaço e alterações das aréolas, sangramento pelos mamilos e a presença de nódulos nas axilas ou no pescoço. É importante lembrar que nem todo caroço é um câncer de mama, por isso é sempre importante consultar um profissional de saúde.
Toda mulher com 40 anos ou mais de idade deve procurar um ambulatório, centro ou posto de saúde para realizar o exame clínico das mamas anualmente. No entanto, como a maioria dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres, é importante que elas realizem o autoexame (tocar na região da mama) periodicamente, de modo a evidenciar possíveis alterações nas mamas. Esse exame não substitui o exame clínico das mamas realizado por um profissional de saúde treinado!
Para a elucidação do diagnóstico, o médico, além do exame clínico, pode solicitar exames como a mamografia (a ser realizada a cada dois anos, nas mulheres entre 40 e 69 anos), a ultrassonografia ou a ressonância magnética. A confirmação do diagnóstico, no entanto, só é feita por meio de biópsia.
As condições genéticas que levam ao tumor não podem ser modificadas. No entanto, os fatores de risco pessoais podem ser mudados. Sendo assim, é importante evitar o uso prolongado de contraceptivos, controlar o peso após a menopausa, deixar de fumar e praticar exercícios físicos regularmente.
Ao tomar conhecimento dos sinais do câncer de mama e de como se prevenir, não deixe de compartilhar esta informação. O diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso do tratamento. Outubro Rosa: defenda essa causa!
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
O câncer do colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa mais comum de morte de mulheres por câncer no Brasil. Estima-se que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados 16.590 novos casos da doença no Brasil.
O câncer do colo do útero é a doença mais frequentemente relacionada ao papilomavírus humano (HPV), a infecção viral mais comum do trato reprodutivo. O HPV é transmitido principalmente por contato sexual. A maioria das pessoas é infectada logo após o início da atividade sexual. Ele também provocar câncer do ânus, da vulva, da vagina, do pênis e da orofaringe.
NOTA: O HPV é sexualmente transmissível, mas o sexo com penetração não é necessário para a transmissão. O contato genital, pele a pele, é um modo de transmissão reconhecido.
Existem muitos tipos de HPV e a maioria deles não causa problemas (alguns tipos podem causar verrugas genitais, altamente infecciosas, que afetam a vida sexual). As infecções geralmente desaparecem sem qualquer intervenção, dentro de alguns meses após a aquisição, e cerca de 90% desaparecem no período de dois anos. Apenas uma pequena proporção de infecções com alguns tipos específicos de HPV pode persistir e progredir para um câncer.
Entre os sintomas do câncer de colo do útero em estágio inicial estão: manchas de sangue irregulares ou sangramento leve entre períodos menstruais em mulheres em idade reprodutiva, mancha ou sangramento pós-menopausa, sangramento após relações sexuais ou aumento do corrimento vaginal, às vezes com mau cheiro.
Conforme o câncer de colo do útero avança, sintomas mais graves podem aparecer, tais como, dores persistentes nas costas, perna ou pélvis, perda de peso, fadiga e perda de apetite, corrimento vaginal com mau cheiro e desconforto vaginal ou inchaço de uma ou ambas as pernas. Outros sintomas graves podem surgir em estágios avançados, dependendo de quais órgãos o câncer afetou.
Os fatores de risco para a doença incluem o tipo de HPV envolvido na infecção e seu poder oncogênico (que causa ou leva ao surgimento do câncer), estado imunológico (as pessoas imunocomprometidas, como as que vivem com o HIV, têm maior probabilidade de apresentar infecções persistentes por HPV e uma progressão mais rápida de lesões pré-cancerosas e câncer), infecção simultânea por outros micro-organismos de transmissão sexual (como aqueles que causam herpes simples, clamídia e gonorreia), múltiplas gestações, primeiro parto com menos de 20 anos e tabagismo.
O exame do Papanicolau é o teste realizado para detectar precocemente alterações nas células do colo do útero (displasias) que precedem o câncer. É um exame simples, rápido e pode, no máximo, provocar um pequeno incômodo. Ele é realizado com a coleta de um raspado de células que revestem a superfície do colo uterino. Essas células são examinadas no microscópio pelo médico patologista para checar se há alguma alteração. Cada lesão encontrada tem uma conduta ginecológica padronizada no sentido de evitar a progressão para o câncer propriamente dito.
O teste deve ser realizado pelo menos uma vez por ano, por todas as mulheres com vida sexual ativa ou não entre 24 e 69 anos. Após dois exames consecutivos normais (com intervalo de um ano entre eles), o teste de Papanicolau pode ser feito a cada três anos.
A prevenção primária começa com a vacinação contra o HPV entre meninas com idade entre 9 e 13 anos, antes de se tornarem sexualmente ativas. Outras intervenções preventivas recomendadas para meninos e meninas são: educação sobre práticas sexuais seguras, adiamento do início da atividade sexual, promoção do uso e fornecimento de preservativos para aqueles que já têm atividade sexual; advertência sobre o uso do tabaco e circuncisão masculina.
O câncer de colo uterino só não foi eliminado por completo por fatores como falta de comparecimento das mulheres para a realização do Papanicolau, altas taxas de infecção e reinfecção das mulheres pelo vírus HPV e as falhas na atenção à saúde, uma vez detectadas as lesões pré-neoplásicas.