O Agosto Dourado é um mês de representatividade para a bandeira da amamentação exclusiva até os seis meses de idade – podendo se estender até os dois anos ou mais – como fator fundamental para a saúde do bebê. Formado por substâncias como proteínas, carboidratos e gorduras, o leite materno garante que o bebê cresça e se desenvolva de forma saudável.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, mais de 45% das crianças se beneficiam do aleitamento materno exclusivo ao longo desses seis meses iniciais de vida e mais da metade (53%) continua sendo amamentadas no primeiro ano de vida.
O leite materno, além de oferecer todos os alimentos necessários* (sem os alérgenos que podem estar presentes nas fórmulas infantis), protege contra diversas doenças por meio dos anticorpos provenientes da mãe, minimiza o risco de alergias, obesidade, hipertensão e diabetes e provoca um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre a mãe e o bebê.
*Um mito comum é sobre o ‘leite fraco’. Não existe leite fraco. Até o leite de mulheres desnutridas contém o essencial para o desenvolvimento do bebê. Mas, para melhorar a qualidade do leite, o recomendado é que a mãe tenha uma alimentação saudável e equilibrada. Ela não deve ingerir bebida alcoólica e deve conversar com seu médico sobre medicamentos de uso contínuo, se podem passar para o leite e se devem ser substituídos.
O aleitamento também funciona como exercício para o desenvolvimento da face da criança, contribuindo para a fala, a respiração e a dentição. Além disso, em um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Tel-Aviv e do Centro Médico Rabin, em Israel, foi constatado que o leite materno também está relacionado ao menor risco do desenvolvimento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Ao analisar, para pesquisa, voluntários que sofriam com o distúrbio de TDAH e compará-los com crianças que não o apresentavam, os pesquisadores constataram que aqueles com TDAH eram menos propensos à amamentação.
Além dos inúmeros benefícios da amamentação na vida do bebê, a mãe também acaba sendo protegida e favorecida pela produção de leite e amamentação em si. Entre os principais benefícios estão: diminuição do sangramento no período pós-parto, aceleração na perda de peso, redução da incidência dos cânceres de mama, ovário e endométrio, proteção contra doenças cardiovasculares e contra a osteoporose.
A amamentação, apesar de importante, pode ser um desafio. Especialistas alertam que, apesar das dificuldades que podem ocorrer, é preciso insistir o tempo que for necessário para que se crie esse vínculo entre mãe e filho; e a amamentação aconteça.
Um dos passos fundamentais para se ter sucesso na amamentação é estar bem-informada. A gestante deve pesquisar sobre os benefícios, as técnicas e dificuldades frequentes da amamentação e tirar suas dúvidas durante o pré-natal com o seu médico ou consultora de amamentação.
É igualmente importante que a futura mamãe conheça o próprio corpo. Por exemplo, mamilos invertidos podem dificultar o aleitamento; e a utilização de cremes hidratantes pode afinar a pele e facilitar fissuras. O uso de um sutiã adequado, proporcionando uma boa sustentação, reduz o inchaço das mamas e diminui a mastalgia (dor mamária).
A mãe também deve se hidratar adequadamente. O leite materno é rico em água e a desidratação ou baixa ingestão de líquidos pode interferir na quantidade de leite a ser produzida. O descanso materno e o ambiente calmo também contribuem para a amamentação, já que o estresse pode reduzir os hormônios responsáveis pela produção e ejeção do leite. A rede de apoio é igualmente importante: a mãe deve cercar-se de pessoas que incentivam a amamentação.
Atualmente, muitas mães ficam em dúvida se o ato de amamentar implica risco de infecção pelo leite materno para mulheres que testaram positivo para o novo coronavírus. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, não há risco de transmissão do SARS-CoV-2 pelo leite materno. Sendo assim, não há razão para se evitar ou interromper a amamentação.
NOTA: Para as mães que contraíram a covid-19, é indicado suspender a doação de leite humano, respeitando o protocolo de segurança técnica e o controle de qualidade determinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a seleção de doadoras.
Qualquer mulher em fase de amamentação pode ser uma doadora de leite. Basta ser saudável e não tomar medicamento contraindicado. É importante ressaltar que todo leite doado é analisado e passa por testes de qualidade, processamento, pasteurização e, só então, é ofertado aos bebês prematuros. As interessadas podem procurar como doar leite materno em sua cidade no site da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.
Melhorar os índices de aleitamento materno, além de ajudar na qualidade de vida das crianças, a amamentação reduz a desnutrição e a mortalidade infantil, pois, para muitas crianças, é uma importante e significativa fonte de nutrientes, especialmente na falta de outros alimentos para serem ofertados. Uma criança mais saudável é, frequentemente, um adulto com menos problemas de saúde!