Semana nacional de controle e combate à Leishmaniose

A Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose é celebrada, anualmente, na semana que inclui o dia 10 de agosto. A data objetiva alertar a população para os riscos e cuidados com a doença, além de promover discussões sobre as políticas públicas de vigilância e controle da zoonose.

As leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por mais de 20 espécies de leishmania, um gênero de protozoários. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior dos macrófagos, células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo. Há dois tipos de leishmaniose: a tegumentar ou cutânea, que ataca a pele e as mucosas e a visceral ou calazar, que ataca órgãos internos.

A leishmaniose visceral em humanos é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das principais doenças negligenciadas do planeta, pois ocorre mais frequentemente em crianças socialmente mais vulneráveis. É uma doença grave e que pode levar à morte se não for tratada oportuna e adequadamente.

A leishmania é transmitida ao homem e a outras espécies de mamíferos por insetos vetores ou transmissores, conhecidos como flebotomíneos. A transmissão acontece quando uma fêmea infectada de flebotomíneo passa o protozoário a uma vítima sem a infecção, enquanto se alimenta de seu sangue. Tais vítimas, além do homem, são mamíferos silvestres (a preguiça, o gambá, roedores, canídeos) e domésticos (cão, cavalo etc.).

Os flebotomíneos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e, devido ao seu pequeno tamanho, são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. No Brasil, esses insetos podem ser conhecidos por diferentes nomes de acordo com sua ocorrência geográfica, como tatuquira, mosquito palha, asa dura, asa branca, cangalhinha, birigui, anjinho, entre outros.

Nos centros urbanos, a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cães, principal reservatório do parasita, que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem.

A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas por meio da picada do mosquito fêmea infectado. Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses. No cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses.

As leishmanioses tegumentares causam lesões na pele, mais comumente ulcerações e, em casos mais graves, atacam as mucosas do nariz e da boca. A presença de nódulos espalhados pelo corpo, sobretudo nos membros, é a principal característica da leishmaniose cutâneo difusa. Já na leishmaniose disseminada, o paciente apresenta inúmeras lesões ulceradas espalhadas por todo o corpo, que surgem de repente e podem vir acompanhadas de febre, calafrios e mal-estar.

Já a leishmaniose visceral, como o próprio nome indica, afeta as vísceras ou órgãos internos, sobretudo fígado, baço, gânglios linfáticos e medula óssea, podendo levar à morte quando não tratada.

Os sintomas incluem febre, emagrecimento, anemia, aumento do fígado e do baço, hemorragias e imunodeficiência. Doenças causadas por bactérias (principalmente pneumonias) ou manifestações hemorrágicas são as causas mais frequentes de morte nos casos de leishmaniose visceral, especialmente em crianças.

O diagnóstico da leishmaniose é feito através da demonstração do parasita por exame direto ou cultivo de material obtido dos tecidos infectados (medula óssea, pele ou mucosas da face) por aspiração, biópsia ou raspado das lesões. Existem também métodos imunológicos que avaliam a resposta de células do sistema imunitário e a presença de anticorpos anti-Leishmania. Os elementos clínicos e epidemiológicos também contribuem substancialmente para o diagnóstico.

A detecção e o tratamento precoce da doença devem ser prioritários, pois ela pode levar à morte. Para os cães acometidos já existe tratamento autorizado no país (vacina), devendo ser prescrito e acompanhado por médico veterinário.

Não há vacina contra as leishmanioses humanas. As medidas mais utilizadas para a prevenção e o combate da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios:

  • medidas de prevenção individual englobam o uso de repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente possa ser encontrado, utilização de mosquiteiros de tela fina e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas;
  • medidas de proteção coletiva incluem: manter sempre limpas as áreas próximas às residências e os abrigos de animais domésticos; realizar podas periódicas nas árvores para que não se criem os ambientes sombreados e não acumular lixo orgânico, objetivando evitar a presença mamíferos comensais próximos às residências, como marsupiais e roedores, que são prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos.

Para todas as formas de leishmaniose, o tratamento de primeira linha no Brasil se faz por meio do antimoniato de meglumina (Glucantime). Outras drogas, utilizadas como segunda escolha, são a anfotericina B e a pentamidina. Todas essas drogas têm toxicidade considerável.